A escuridão de Odyssey guarda os maiores mistérios e aventuras de todos os tempos, e o planeta Hontwüd é o único de Odyssey tão sobrenatural quanto os próprios magos. Diz a lenda que os magos e toda a ordem mágica de Odyssey foi criada para combater um ser. Era um grande provedor de trevas indesejadas por Mágico – o antigo e mais poderoso Rei dos Magos – em Odyssey. A profecia dizia que a luz traria a queda da escuridão, e a luz era Mágico. Sua roupa naturalmente tinha uma cor inusitada na história, mais clara que todos os tons; seu brilho cegava os impuros, e sua luz que, como o imenso vazio se espalharia por toda Odyssey, faria o fim das trevas.
Assim, somente com a pureza de Mágico seria detido Tamiel, o tal ser tão poderoso quanto qualquer outro já citado. Dizem que Tamiel tem a idade do próprio tempo, e seu ódio, que impede a luz de brilhar, mata qualquer ser que sentir a sua presença.
Quando Tamiel soube que havia alguém que o derrotaria, quebrou as leis de Odyssey e ergueu seu exército enquanto enfraquecia Mágico. Ele deu poder aos mais puros e desfrutou da transformação de homens em monstros. Tamiel podia sentir as trevas se apossando de cada parte de tudo; expandindo a escuridão, ele alcançaria Mágico. Mas Mágico era a luz, e nunca seria corrompido. O grande Rei Mago não chegou a fazer um sequer ataque a Tamiel, pois precisava da ordem superior. Mas, ora, por que a ordem superior nunca chegou? Sempre houve tanta desgraça e tanto mal por Odyssey, e era tudo por causa das trevas. Mágico sempre dizia aos magos que a ordem não tinha previsão, mas ela diria o momento de fraqueza das trevas; a ordem completaria a luz contra a escuridão.
De fato, a ordem demorou, até que houve o ataque do Senhor do Tempo a Odyssey, e a luz e seu brilho teve que se sacrificar contra um mal maior que a própria escuridão. Desde então, Odyssey permanece sem luz. Porém, Tamiel ousou se mover contra o Senhor do Tempo, e foi aprisionado por ele sob a superfície do planeta Hontwüd. O solo maldito torna o planeta quase inabitável por seres vivos, e sobre ele as únicas árvores que há crescem de troncos contorcidos: consequência do ódio eterno de Tamiel. Assim se fez a Floresta Assombrada de Tamiel, onde pairam as almas perturbadas e espíritos malignos e sofredores. Reza a lenda que quando se encosta o ouvido no solo ainda dá pra ouvir os gritos de Tamiel.
Mesmo com o exílio de Tamiel, os espíritos da floresta ainda creem no seu deus escuro e, com a intenção de ressuscitá-lo, realizam sacrifícios humanos no centro da floresta, sobre a mesa de pedra, que guarda o coração da forma humana de Tamiel. Alguns acreditam que o coração dele é a chave para o controle absoluto das trevas; por esse motivo, muitos homens adentram estas planícies malditas atrás do coração de Tamiel, mas nenhum consegue sair da floresta, sejam estes vivos ou mortos; suas almas se tornam parte da floresta e seus corpos se juntam ao solo, servindo de sementes para as horríveis árvores.
Estas histórias contadas sobre floresta assombram as crianças do Condado de Remgo, onde se encontra o povo mais calmo e humilde de Hontwüd. O Condado de Remgo é a casa dos mais bons homens do planeta, e também dos mais covardes. Mas, enquanto há sossego não há conflitos, e enquanto não há conflitos a luz paira. Sendo assim, é só um povo alegre – que ama cerveja. Porém, em meio a tanta satisfação coberta por sorrisos, há o profundo medo do povo do Condado de Remgo: a Floresta Assombrada de Tamiel. Temem tanto Tamiel que a pronunciação de seu nome é a única coisa proibida nesta civilização. O Condado de Remgo fica a apenas 12 quilômetros da floresta, e também guarda as mais sombrias histórias sobre aquelas matas malditas. A história mais famosa é a de um homem de fé que entrou na floresta com a sagrada missão de trazer à tona a luz e deter aquela escuridão que tomava a região. O homem era um Clérigo, nascido no Condado de Remgo; seu nome era Alberto Peeno. Ele não voltou da floresta, e a luz não se mostrou. Porém, alguns acreditam que ele criou as lendárias flechas, já dentro da floresta; as flechas eram as únicas capazes de matar Espíritos Guardiões de Tamiel e de perfurar o coração do deus sombrio. As flechas aguardam em algum lugar da floresta pelo destemido homem que salvará Odyssey das trevas. Acreditava-se que este homem seria um sucessor de Peeno, e por isso este nome é tão famoso no condado!
O Peeno atual é um destemido guerreiro, disposto a lutar pelo amor de Bia. Um jovem sonhador que ama sua garota mais que tudo. Ora, como um apaixonado poderia salvar Odyssey? É claro que ninguém pode entendê-lo, pois ele carrega no nome o fardo mais pesado do mundo. Peeno atualmente é uma decepção para a família; todos os seus antecessores foram atrás das lendárias flechas na floresta – sempre após a reprodução de um sucessor, é claro! -, mas, ele não consegue se imaginar longe de Bia, numa floresta, talvez esperando a morte. “Como se pode viver assim?” se pergunta Peeno todos os dias. E a resposta logo vem: se chama Bia. “Oh, querida Bia…”. Bia é a filha do prefeito do Condado de Remgo, e o prefeito, é claro, odeia o Peeno mais fraco de todos. Um romance proibido e lindo assim não se manteria naquele contexto. Por isso Peeno e Bia fugiriam do condado, talvez do planeta, mas viveriam a vida por eles tão sonhada.
Mas era bom demais pra ser verdade! O condado é um lugar pequeno e as notícias se espalham rapidamente. Assim foi; a notícia da fuga do casal se espalhou, e ninguém pôde entender como o povo do Condado de Remgo poderia ter esperança e fé na luz divina sem um Peeno. Sendo assim, pelo povo foi tomada a única decisão, dolorosamente com o apoio do prefeito. Foi feito! Na noite da fuga de Peeno e Bia, Peeno não conseguiu encontrá-la. “Bia foi levada para a Floresta Assombrada de Tamiel!”, disse o próprio prefeito. Peeno, então, olhou no rosto do prefeito; desviou seu olhar ao céu, e depois ao chão, foi quando uma lágrima escorreu em seu rosto. O prefeito ajoelhou e chorou na frente de Peeno, que olhou para a floresta e começou a correr em direção a ela. Pensava em Bia o tempo todo; ele havia prometido uma vida à deriva no espaço com ela, só os dois; e tinha de cumprir.
Peeno correu sem cessar até o início da floresta. Estava preocupado, sem raiva; ele sabia que recuperaria Bia. Ele amava Bia. Foi assim, quando um homem apaixonado deu seu primeiro passo sobre o solo da floresta, que ela estremeceu. O solo estremeceu; os espíritos gritaram muito alto. Eram gritos de dor. Tamiel sentiu aquele passo; ele sentiu aquela presença… Era a luz do Mágico. Ali estava a ordem: um guerreiro sem medo, com imensa fé. Tamiel sentiu medo; sobre o seu solo maldito e escuro a luz do Mágico se intensificou, concentrada um metro à frente de Peeno. Ali reencarnou o Rei; era o Mágico em pessoa! Ele estendia suas mãos a Peeno, e nelas, Mágico segurava cinco flechas brilhantes e um traje repleto da da magia real. “Brilhe!”, disse Mágico. Então Peeno vestiu seu traje que logo começou a brilhar, pegou as cinco flechas, e assim que as tomou das mãos do Mágico, aquele ser brilhante desapareceu. Peeno olhou para frente, viu tantos espíritos perdidos e amedrontados. Com medo da luz; com medo dele. Foi quando a floresta se pronunciou: “Eu sou Tamiel! Você é o mágico; eu sou a magia! Você sente; eu controlo!”. Peeno sorriu e respondeu: “Eu sou Peeno! Você é floresta; eu sou praga! Você têm Bia; eu tenho luz!”. Peeno sentiu um raio de luz ao norte da floresta: aquela era Bia. Ele se virou em direção à sua luz e seguiu em frente: “Em ti só há morte, Tamiel, mas eu sinto o amor!”