Antes das guerras, Odyssey era uma galáxia evoluída. Expandida por entre os planetas. Era tudo novo… algo tão sonhado entre outras nações já era realidade em Odyssey. Tal desenvolvimento científico deixou claro aos magos que o homem não precisava mais de auxílio para seguir seu caminho, pois a tecnologia fez com que a humanidade se encontrasse, e trouxe, além da imagem do poder ilimitado, um novo conceito ético aos homens, que permitiria a eles, segundo os magos, uma viagem até o sentido central da vida – um segredo poético dos magos. Assim, o misticismo deixou de fazer parte da realidade de Odyssey, e com o tempo, as pessoas transformaram os magos e suas histórias em nada mais que simples e belas lendas – sendo a magia até levada por alguns como religião.
Sem magia para reinar, Odyssey precisaria de um sistema político para que houvesse ordem. Assim foi feito, e os governos e suas diplomacias eram proliferados em cada planeta à medida que Odyssey evoluía, tendo assim, num curto período de tempo, tomado toda a galáxia.
Para entendermos melhor a força do sistema político de Odyssey, é necessário que compreendamos qual era a função do Comando Central de Odyssey: o lugar onde se compactavam representantes de todos os órgãos e elementos militares de Odyssey. As decisões tomadas por órgãos políticos que precisassem de qualquer elemento militar necessitavam da aprovação do Comando Central de Odyssey – no entanto a tomada de tal decisão era extremamente rara. As poucas vezes em que Odyssey necessitou desses acordos, foram em casos de extrema urgência, como da vez em que alguns OVNI’s apareceram nos radares de Odyssey e, o comandante do setor Leste, Ulmo Fredia Olick, foi quem comandou o ato militar que ficou conhecido como “A Defesa”, que na verdade foi um ataque direto às naves. Tal ato político-militar ocorreu assim que toda a galáxia de Odyssey foi, de fato, tomada inteiramente pelos homens como seu lar.
Muitas eras se passaram, até que, por meio da democracia, foi decidido que a humanidade viveria muito melhor com mais espaço e recursos e que a fome e todos os outros problemas seriam neutralizados, e assim foi organizada uma enorme reunião no Comando Central de Odyssey, tal movimento ficou conhecido como Hidon-Fater. Em Hidon-Fater foi decidido que uma das forças do Comando Central de Odyssey deveria selecionar setores internos e enviá-los a uma exploração para além das fronteiras de Odyssey. E muitos dos setores da força militar chamada Federação Terra, a maior força de Odyssey, foram enviados à expedição em busca de conhecimento para futuras aplicações… em busca da luz de Odyssey! Por isso, era uma honra a qualquer homem ser selecionado para a missão, era uma chance de ser um dos protagonistas da maior evolução da humanidade, de ser respeitado e lembrado por todos. Este pensamento glorioso motivava muito a todos, mas só foram os melhores homens, os mais conscientes, e estes experientes soldados não se deixavam levar por tal ilusão. Os gloriosos homens foram todos com o pé no chão.
Assim, a primeira frota de reconhecimento para além de Odyssey estava prestes a embarcar na jornada. A frota dos sonhos; a frota do desconhecido, não do desconhecido que dá medo, mas daquele que talvez seja pior, que proporciona uma crença nele tão perigosa quanto a redenção a uma ilusão que parece tão real quanto o que os olhos enxergam… e isso, meus amigos, chama-se otimismo. A possível “boa descoberta” foi muito bem propagada na mente de todos; desde os esperançosos otimistas que sempre se davam muito bem com as ações do mercado até os guerreiros de patente mais baixa que não foram escolhidos para a jornada; todos tinham esperança na melhoria da vida do povo, esperança na Federação Terra; todos tinham esperança em Odyssey. No dia da jornada, era possível ver do espaço a concentração do povo na transmissão do Comando Central de Odyssey projetada nos céus de Acrubates; a felicidade e orgulho das crianças que seguravam firmemente o foguete de plástico numa mão suada que não podiam nem movimentar para brincar, e a mão da mãe na outra, para não se perderem no meio daquela multidão em movimentação que estava prestes a pular e gritar, simultaneamente, por alegria e esperança, eis o animado povo de Xödan.
Em seguida, a frota foi adiante, e dava pra ver os pilotos sumindo um a um com suas naves quando chegavam num ponto similar a uma parede de vidro que não se quebrava quando eles passavam, apenas contornava com uma luz roxa o desenho de todo o tipo de matéria que por ela passava. As festas duraram bastante tempo, mas, no lugar da curiosidade “saudável” entrou a preocupação, pois as comunicações haviam sido cortadas. Isso já era esperado desde o início, mas o combinado era que, se fossem cortadas as comunicações, os pilotos deveriam voltar à Odyssey quando o cronômetro da nave batesse seu tempo, equivalente a uma semana em Odyssey. Porém, uma semana se passou, e não foi obtido nenhum sinal dos guerreiros. Por isso, a segunda frota de reconhecimento da Federação Terra foi enviada: nesta se localizavam os agentes da salvação; aqueles que iriam a uma jornada mais séria e preocupante, que necessitava concentração e seriedade, que precisava de soldados que esperassem por tudo. Bom, este também era o protocolo da primeira missão, mas o clima era completamente diferente para todos, inclusive para o soldado John Timothy. Bom, John queria muito ir nessa missão para sentir a pressão de ser um verdadeiro guerreiro da Federação Terra, mas teve que esperar. Essa espera não impediu que sua tensão aumentasse muito. Ele ficava pensando dia e noite em como devia ser estar lá, no controle da nave, na missão de exploração, descobrindo o que houvesse de novo e presenciando todas as maravilhas da natureza universal, nas cores que teria o prazer de conhecer. John queria muito estar lá pelas maravilhas sujeitas a serem encontradas. Até que a segunda frota também decolou em busca da salvação dos soldados. Ora, ele ficou muito mais tenso, não conseguia admitir a si mesmo que, lá no fundo do seu coração, ele se sentia aliviado por não ter ido na segunda expedição. Por isso, sua vontade de treinar aumentou intensamente. John sentia que não era um soldado de verdade, e tinha medo de que isso fosse real. A essa altura, ele já não conseguia mais evitar o pensamento da existência da hipótese de que um mal maior reinava lá fora, e os guerreiros mais temidos de Odyssey haviam sido pegos por esse mal. Se formava uma batalha interna em John quando ele ouviu a notícia: apenas um homem voltou da segunda missão, e ele trouxe alguém com ele; um sobrevivente da primeira missão.
A notícia foi revelada apenas aos soldados. Assim que recebeu a notícia, John começou a pensar no pânico que se passava lá fora, e quando a insegurança praticamente tomou sua mente, ele foi chamado. Durante o caminhar, suas pernas estavam quase trêmulas, mas ele sabia que não podia demonstrar sinal de fraqueza, foi então que entrou numa sala enorme com um número imenso de soldados. Assustado com a situação, John já esperou o que estava por vir, então prestou atenção no que foi dito a todos ali: “soldado, seu dever é servir a Odyssey. Sua honra hoje é resgatar um companheiro. Há um mal lá fora, um mal que nós ainda não conhecemos. Sinta-se honrado por ter a oportunidade de servir a seu propósito. Vocês foram os primeiros a serem avisados sobre uma guerra eminente. Sua missão hoje não é pacífica, você terá de lutar, terá de lutar por Odyssey e pela raça humana, portanto, esteja preparado para tudo, haja o que houver, resgate seus companheiros!”. Agora, as naves eram feitas para o piloto e o co-piloto. O companheiro de John seria Will Harry, que por coincidência era um amigo antigo de John. Tudo aconteceu de imediato, e John tinha medo, pois pensava ser apenas um garoto com pensamentos ambíguos.
Chegou, enfim, o dia da decolagem. O medo tomava a mente de John, que estava de co-piloto. Quando sua nave decolou, ele ficou observando a visão de Odyssey diminuindo, era extraordinário, dava para ver a galáxia inteira quando se olhava pra trás. Na cabeça de John, se passou um filme, não só de sua vida, mas de todas as vidas, naquele momento ele conseguiu perceber o quão pequeno e insignificante era, e foi ali que ele entendeu do que se tratava a missão: não era apenas de números, recursos ou espaço; se tratava daquilo que ele sentia ali, aquilo que expurgou dele sua vaidade, aquilo que fez ele se colocar em seu lugar enquanto se colocava no lugar de outrem, aquilo que não permitiu que ele tivesse mais medo de morrer, pois o medo era um enorme sinal de vaidade, aquele sentimento era o que todos queriam sentir, mesmo que indiretamente, todos precisavam daquilo! Até que, de uma hora para a outra, a visão sumiu e a escuridão reinou, parecia mágica. Foi nesse momento que John olhou para frente e viu o enorme e assustador Império Pulsar, um retrato do medo e do mal que quase fez com que John esquecesse do que tinha sentido alguns segundos atrás. Ora, “quase” porquê o brilho das prisões de cristal iluminou a escuridão em meio à majestade do mal e lembrou a ele o motivo da Operação Resgate, o motivo daquilo era a liberdade, tudo girava em torno da liberdade. Ver aquelas vidas presas ali, com sinal de agonia e medo no rosto fez com que John pensasse como além de um ser humano novamente, fez com que ele pensasse como um soldado. Toda aquela expansão mental na vida de John foi o que o transformou, não apenas num exímio soldado, aquilo o transformou em um Defensor da Liberdade, um defensor do direito de poder festejar com sua mulher e seu filho a sorte de voltar com vida da guerra, ao menos mais uma vez; um defensor do dever da compaixão; um defensor da verdadeira democracia e do bem que ela traz, um militante pelo direito à vida. Então, a sincronia da lendária dupla “John e Will” começou quando os dois se olharam por um segundo, respiraram fundo, olharam para os cristais, e Will acelerou com força máxima quando disse: “isso é pela liberdade!”.